Um em cada quatro brasileiros terá 65 anos ou mais em 2060, o correspondente a 58,2 milhões de pessoas, 25,5% do total da população, mostram projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou nesta quarta-feira (25) estimativas atualizadas de sua análise Projeção da População, referente ao período 2010 a 2060.
O crescimento da população idosa – que reflete a maior expectativa de vida e a queda da mortalidade – chama a atenção para a necessidade de reforma da Previdência. O tema acabou adiado para o próximo governo, por falta de apoio parlamentar.
De acordo com o IBGE, a expectativa de vida ao nascer chegou a 72,7 anos para homens e 79,8 anos para as mulheres em 2018. Esses números continuarão crescendo para 77,9 anos e 84,2 anos, respectivamente, em 2060. Isso significa dizer que os homens vão viver, em média, 5,2 anos a mais; e as mulheres, 4,4 anos.
A expectativa de vida cresce há décadas. No documento “Estatística do Século XX”, o IBGE estimou que a expectativa de vida ao nascer para homens era de 33,4 anos em 1910 e de 62,3 anos em 1990. Esse ganho tem diversas origens, entre elas ganhos sociais: avanço da escolaridade, do sistema de saúde e das redes de saneamento básico.
As estimativas divulgadas nesta quarta-feira pelo IBGE mostram ainda que a razão de dependências da população continuará crescendo. Hoje, a cada cem pessoas em idade para trabalhar, existem 44 indivíduos dependentes – com idades menores de 15 anos e maiores de 64 anos. Essa proporção deverá chegar a 67 em 2060.
Maranhão versus Santa Catarina
Profundas diferenças regionais marcam a expectativa de vida ao nascer dos brasileiros — um dos indicadores sociais que refletem a boa condição de vida de uma população.
Enquanto a esperança de vida de um homem em Santa Catarina chega a 76,4 anos, a maior do país, no Maranhão não passa de 67,4 anos. De acordo com o IBGE, o Estado do Maranhão exibe as piores estatísticas de expectativa de vida.
O Amapá, por sua vez, tem os piores números de taxa de mortalidade infantil: 22,82 óbitos de crianças de até 1 ano a cada 1 mil nascimentos.
Brasil em 2039
A tendência de envelhecimento da população brasileira vai fazer com que o país tenha mais pessoas idosas do que crianças a partir de 2039.
O Brasil tem atualmente 2,31 crianças para cada idoso. Essa razão ficará pela primeira vez abaixo de 1 dentro de 21 anos. O IBGE estima que, em 2039, haverá 39,33 milhões de crianças e 39,38 milhões de idosos. Em 2060, essa razão deverá estar em 0,58, com 33,6 milhões de crianças e 58,2 milhões de idosos.
“Teremos cada vez mais pessoas dependentes de quem está em idade ativa”, disse Leila Leila Ervatti, analista de Estudos e Análise da Dinâmica Demográfica do IBGE.
Quando comparados os diferentes “Brasis”, porém, as diferenças das estruturas etárias mostram-se relevantes. No Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, a proporção de idosos superará a de crianças em 2029 e 2033, respectivamente. No Amapá, porém, essa “virada” acontece com três décadas, ou quase, de diferença: somente em 2059.
“São Estados que exigem diferentes políticas para cada situação”, disse Leila, acrescentando que o população idosa deverá superar a de crianças no Estado de São Paulo em 2035, dentro de 17 anos, portanto.
Dessa forma, a população economicamente dependente (pessoas com menos de 15 e 65 anos ou mais de idade) vai representar 51,5% da população em idade para trabalhar.
Por Bruno Villas Bôas