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Vacina contra leishmaniose desenvolvida por pesquisadores da UFMG vence Prêmio Péter Murányi

04 março 2014 - 12:01

A vacina recombinante contra a leishmaniose visceral, desenvolvida por pesquisadores da UFMG, foi a vencedora do Prêmio Péter Murányi 2014. Coordenada pelos professores Ana Paula Salles Moura Fernandes, da Faculdade de Farmácia, e Ricardo Tostes Gazzinelli, do ICB, o estudo concorreu com outros 134 trabalhos inscritos para a 13ª edição do prêmio, que contempla com R$ 200 mil o melhor trabalho científico na área da saúde.

O vencedor foi escolhido entre três finalistas por júri composto por 25 integrantes, que se reuniu na tarde da última terça-feira, dia 18, na sede do conselho do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), em São Paulo. Os coordenadores do trabalho vencedor e dos finalistas receberão o prêmio e as menções honrosas em cerimônia a ser realizada no dia 10 de abril, em São Paulo.

Os três trabalhos também serão apresentados na 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que será realizada entre 22 e 27 de julho, em Rio Branco, no Acre.

A pesquisa trabalha com a forma visceral da leishmaniose, uma das mais severas. A doença ataca animais, como cachorros, e é transmitida entre os animais e para o homem através da picada do mosquito palha. No organismo humano, o parasito compromete órgãos como fígado, baço e medula óssea, podendo matar. Os medicamentos disponíveis no mercado são muito tóxicos ou caros demais.

Testes feitos em laboratório com camundongos e cães comprovaram o potencial da vacina para animais, cuja eficácia foi testada em campo. A UFMG transferiu a tecnologia para o Laboratório Hertape e, atualmente, os pesquisadores trabalham para desenvolver uma vacina contra a leishmaniose visceral humana.

“Foi uma honra muito grande receber este prêmio, pois representa o reconhecimento de muitos anos de trabalho e dedicação. O prêmio também representa a valorização da parceria universidade-empresa para a condução de pesquisas que gerem o desenvolvimento de produtos promissores para a área da saúde”, destacou a professora Ana Paula Salles.

Ela lembra que, apesar de todos os esforços e investimentos públicos para pesquisas científicas, a etapa do desenvolvimento do produto é uma das mais caras em todo o processo. Daí a importância deste tipo de parceria – ainda pouco comum no Brasil na área da saúde.

A vacina poderá ajudar no controle da enfermidade em várias partes do mundo. Segundo Ana Paula, embora não seja de grande prevalência, a leishmaniose visceral é de diagnóstico complexo e alta taxa de mortalidade. Se antes sua incidência praticamente estava circunscrita aos trópicos, a doença já afeta regiões de clima temperado. “Além da América do Sul, a leishmaniose visceral é um problema grave de saúde pública em África, Índia, Mediterrâneo e está avançando para o leste europeu”, informa. No Brasil, até a década de 1990, 90% dos casos de leishmaniose eram do Nordeste. Hoje alcança todo o país.

Avaliação técnica
Os 135 trabalhos – 115 do Brasil e 20 de outros países da América Latina – que concorrerem ao prêmio foram analisados por comissão técnica e científica, que selecionou 26 deles. Estes, por sua vez, foram encaminhados a pareceristas ad hoc. Além da vacina da UFMG, eles indicaram outros dois finalistas para escolha do júri: um da Faculdade de Medicina da USP, que estudou os mecanismos envolvidos no processo de sepse, e o outro da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que pesquisou os efeitos positivos do exercício físico no tratamento da epilepsia.

O júri foi composto por representantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), além de especialistas de três agências de fomento: CNPq, Capes e Fapesp.

Sobre o prêmio
O Prêmio Péter Murányi é concedido anualmente e contempla alternadamente quatro áreas: saúde, educação, alimentação e desenvolvimento científico e tecnológico. Seu objetivo é valorizar e estimular pesquisadores ou instituições, de qualquer parte do mundo, que se destaquem por suas descobertas inovadoras e práticas focadas no desenvolvimento e no bem-estar social das populações em desenvolvimento. Desde que foi instituída, há 15 anos, a Fundação Péter Murányi já distribuiu R$ 1,8 milhão em prêmios.

(Com Assessoria de Comunicação do Prêmio Péter Murányi)

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