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31 de maio: Dia Mundial Sem Tabaco

30 maio 2013 - 11:49

O Dia Mundial Sem Tabaco, criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1987, é comemorado anualmente no dia 31 de maio, em 173 países, entre eles o Brasil. O tabagismo já é considerado uma epidemia mundial, atacando 1/3 da população e sendo a principal causa de morte evitável no mundo.

Segundo pesquisas recentes, 30% dos casos de câncer, 90% dos cânceres de pulmão e 84% das doenças cardiovasculares são causados pelo cigarro. Dados do último levantamento da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (tratado internacional pela adoção de medidas de restrição ao consumo) apontam o tabagismo como doença crônica (mas curável) que atinge todas as camadas sociais, matando quase seis milhões de pessoas por ano no mundo.

O Hospital Júlia Kubitscheck, da Rede Fhemig, referência estadual em doenças respiratórias, tem um ambulatório de tratamento para tabagistas, aberto aos pacientes (que estejam internados ou em outros tratamentos) e funcionários da instituição que desejam parar de fumar. As consultas são realizadas às quartas e sextas feiras. O paciente é acompanhado durante 12 meses: há um retorno após 3 semanas da primeira avaliação; retornos mensais, posteriormente; e trimestrais, até a alta. A taxa de abandono é superior a 30%. Em média o indivíduo faz 4 a 5 tentativas até conseguir parar de fumar. Uma vez interrompido o tabagismo, podem ocorrer recaídas, comportamento que se explica pela cronicidade da doença.

O tratamento é feito através da terapia cognitivo comportamental e, se necessário, com uso de medicamentos específicos. Na terapia o médico conversa com o paciente para identificar seu grau de dependência e avaliar sua motivação para o abandono do tabagismo. São também identificados os fatores que facilitam e os que dificultam o tratamento, as situações que desencadeiam o desejo de fumar e o número de tentativas anteriores de abandono do cigarro. “É importante explicar ao paciente que tabagismo é doença e não vício, que necessita de tratamento específico e acompanhamento médico”, ressalta a preceptora do ambulatório do HJK, Clarissa Biagioni Silveira.

O paciente é orientado sobre técnicas e mudanças de comportamento que o auxiliarão a reduzir o consumo de cigarro e estimulado à pratica de esportes, à realização de atividades prazerosas, a mudanças de hábitos e à melhora da alimentação. Dessa forma, aprende a lidar com a abstinência, tornando mais fácil o abandono do cigarro. É explicado a ele que parar de fumar é mudar de vida, é investir em qualidade e quantidade de vida. Um estudo inglês mostra que indivíduos que pararam de fumar vivem, em média, 10 anos a mais e com melhor estado de saúde.

Clarissa Silveira frisa que é fundamental que o médico, independente de sua especialidade, sempre pergunte ao paciente sobre a presença de tabagismo e o informe sobre o perigo de fumar e sobre as vantagens do abandono e se sinta responsável por encaminhar esses pacientes, se motivados, a instituições capacitadas para o tratamento e cura do tabagismo. Para a médica, mesmo se o paciente não estiver interessado em parar, deverá ser informado sobre os malefícios do tabaco e estimulado a, pelo menos, reduzir o consumo.
Consumo de tabaco no Brasil

O percentual de fumantes no Brasil é de 17,5% entre pessoas de 15 anos de idade ou mais, correspondendo a 25 milhões de pessoas. A região sul tem o percentual mais elevado (19%) e as regiões sudeste e centro-oeste, os menores (16,9% em ambas). A idade predominante para o uso de tabaco no país é entre 45 e 64 anos, reduzindo a frequência a partir de 65 anos; os homens fumam mais que as mulheres.

Baixo grau de escolaridade, moradia em zona rural e baixa condição sócio- econômica são fatores ligados ao maior consumo de tabaco. Entre negros e pardos há maior incidência de tabagismo (19%) que entre brancos (15.3%). A idade média de início de consumo está ente 17 e 19 anos, sendo inferior a 15 anos entre indivíduos com menor grau de instrução.
O consumo médio de cigarros da população brasileira é de 15 a 24 cigarros por dia; a grande maioria fuma diariamente. A taxa de abandono do tabagismo com tratamento específico não ultrapassa a 30%, mas cerca de 50% dos fumantes desejam parar de fumar. A taxa de fumantes ocasionais é de 2,1%. Nos países em desenvolvimento as mulheres apresentam taxa de consumo de tabaco cerca de 3 vezes maior do que em países desenvolvidos.

Rede de prevenção e apoio

Clarissa Silveira aponta a necessidade de conscientizar toda a sociedade sobre a importância de se diagnosticar tratar, prevenir e curar a doença tabagismo. “Os dentistas devem estar preparados para diagnosticar o tabagismo e encaminhar os pacientes para o tratamento específico. Professores também devem educar seus alunos, orientando-os sobre os malefícios do cigarro, e estar atentos para atuar preventivamente, evitando a iniciação na infância e na escola”, afirma.

Ela recomenda ainda que os pais, se fumantes, não façam de seus filhos fumantes passivos, informando a eles sobre os malefícios do vício e buscando tratamento. Segundo estimativas da revista britânica The Lancet, o tabagismo passivo causa mais de 600 mil mortes ao ano no mundo, entre as quais 165 mil crianças, que são as primeiras vítimas, pois não podem evitar a principal fonte de exposição, quando seus pais fumam em casa.
As instituições públicas e privadas devem ter registros sobre seus funcionários tabagistas e, dentro do possível, facilitar o acesso deles ao tratamento. O ideal é que não sejam estimulados e/ou aceitos propagandas ou patrocínios de cigarro ou cigarros com sabores e cheiros que estimulem o consumo. Além disso, cigarros não devem estar acessíveis a crianças em estabelecimentos comerciais, oferecidos sutilmente entre doces e guloseimas, induzindo a um futuro consumo.

Hospital Galba Velloso recebe prêmio
O trabalho “O tabagismo como um fator decisivo para o comprometimento da qualidade de vida no trabalho”, elaborado por profissionais do Hospital Galba Velloso (HGV), foi selecionado para receber o “Prêmio Boas Práticas de Qualidade de Vida na Segurança Pública”. A premiação será entregue durante o Encontro Nacional de Responsabilidade Social e Sustentabilidade – que será realizado em conjunto com outros eventos –, no dia 20 de junho, em Porto Alegre (RS). Na pesquisa, foi feito um levantamento de dados sócio-demográficos de usuários de tabaco no HGV (pacientes e funcionários), e um questionamento sobre o fumo, com perguntas sobre o nível de incômodo causado pela fumaça no ambiente e o desejo de parar de fumar, entre outras.

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